domingo, 22 de janeiro de 2017

Língua Portuguesa

A minha professora de Língua Portuguesa era uma senhora muito à frente no seu tempo. Todas as semana éramos convidados a escrever um texto, "o texto livre"! A verdade é que muitas vezes, fazia uma poema para despachar, um poema também ele livre sem métrica, parecia-me ser mais fácil que o texto em prosa, pelo menos era mais rápido. Ocupava espaço, porque os olhos também comem, e ficava bonitinho para arquivar na pasta dos "Textos livres" da turma. Colocava uma bola verde de tarefa cumprida, e ficava toda feliz. Se me esquecia numa semana, já sabia que na semana seguinte tinha de fazer dois textos para entregar. Um colega ficava encarregue da contagem dos "textos livres" de todos.
Todas as semana tinha de conjugar um verbo em todas as suas formas verbais e arquivar na pasta da turma.
Todos os meses tinhamos de ler pelo menos um livro, fazer uma ficha de leitura, e um breve resumo.
Todos os meses apresentavamos um livro à turma.
Todos os período tínhamos um debate, cada um tinha as suas tarefas, moderador,  facção a favor ou a facção do contra.
Fizemos teatro, e foi tão giro. A peça foi apresentada no Teatro Angrense.
Eram assim as aulas de Português.
Não me recordo de haver correções, os textos estavam sempre bem, eram livres, o verbos apareciam sempre a verde e os livros, esses eram muitos. Não me lembro de ela reclamar de ninguém por não fazer, era mau ter uma bola vermelha. Os testes eram surpresa, chegava a aula e dizia hoje há teste. Separávamos as cadeiras e fazíamos o teste. Não me lembro de ninguém refilar.  
Falávamos muito, andávamos muito em pé, trabalhávamos muito em grupo. Eram boas as aulas de Língua Portuguesa. Parecia que não havia pressa de chegar a lado nenhum. Nunca se falou em exames ou em programas. Falava-se do telejornal, das nossas experiências, de livros e de atualidades.
Nem tudo corria bem, havia alunos com mais dificuldades, mas não se sentiam, não me lembro quem eles eram. Não havia distinção.
Hoje em dia, muitos haviam de se levantar contra a metodologia da minha professora de Língua Portuguesa. Eu, como professora levanto-me, mas para agradecer tudo o que ela fez por nós. 





Sem comentários: