terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Sopa de pacote

O Guilherme detesta sopa de pacote. Por norma, faço sempre as sopas dele, escolho os ingredientes com cuidado, a carne é de casa, e o peixe tenho um fornecedor que me arranja sempre peixe do dia. Por dia come duas sopas diferentes, uma de carne e outra de peixe. Tenho que ter o stock de sopas sempre sob controlo. Volta e meia dou por mim a contabilizar as sopas da semana. Esta semana essa monitorização correu mal. Faltou a sopa da sexta feira à noite. A sopa de peixe.
Não tive tempo para fazer sopa, mas lembrei-me que no supermercado existem umas sopas de pacote, que utilizamos quando vamos de viagem. Está feito, Guilherme hoje come sopa de pacote. Tinha bom aspeto, cheirava bem, tudo para cativar o paladar de qualquer um. Mas algo correu mal e a sopa foi totalmente rejeitada, coisa que nunca antes tinha acontecido. Porquê? O que mudou desde Setembro (a última vez que nos ausentamos da ilha) ?
Mudou os 14 meses, mudou o paladar, mudou a sua relação com a comida, mudou o facto dele já poder comer de tudo, o Guilherme não identifica, a sopa de pacote, como a sua sopa. A sopa que a mãe faz, para ele, única e  exclusivamente. Será que é assim desde sempre? A necessidade de nos sentirmos únicos  especiais?

O facto é que aos 14 meses já parece existir essa necessidade. Rejeitar o desconhecido, nem que seja no paladar. A idade molda-nos, apura os nossos sentidos, as nossas necessidades, tornam-se diferentes. A sopa do Guilherme fez-me pensar no arroz com atum, ou a variante arroz com salsichas, a comida de todo o universitário que se preze. Depois da Universidade nunca mais comi arroz com atum. Porquê? O que mudou em nós?

Qualquer dia destes faço arroz com atum ....



Um pouco do que se ouvia nessa altura.... Muse - Showbiz




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